Entre um olhar e a alma
Está um instante
Apenas um
Em que a pupila cruza o negrume
De um estranho fulgor inocente
E o quebra e o trespassa
Docemente, subtilmente
Em que o abismo cede
A ponte baqueia
E a íris estremece
Na cor fremente, cheia
Em que a pura nascente
Cai num pranto suave
Sorrindo levemente
Sem engodo, sem entrave
E na claridade de um reflexo
Sereno, qual lágrima escorrida
Nele assim encontro, perplexo
A tua alma sem vida
Gonçalo Limpo de Faria, Junho de 2007
sábado, 11 de outubro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Surpresa. Sim, não fazia ideia de que escrevesses poesia. Os meus preferidos foram "Findo" e "Agora". Acho que vou passar a visitar o teu blogue, bastante diferente do meu (que funciona como um livro de recortes, inspirações, ideias).
O meu poema preferido desde sempre, de todos os que li na vida, é de uma poeta (nunca ouvi falar dela aparte disto) chamada Renata Pallottini, italiana. O poema chama-se Cerejas.
"(...)lá onde começa a vida e, onde acaba, e onde todas as fomes se concentram no vermelho da carne das cerejas"
Por acaso gostei bastante deste poema (ainda não passei os olhos pelos outros, dificilmente poderei agora, mas depois... ;))
A forma clara falas do intangível, e o sentimento mais "negro" presente - não distingo se uma espécie de melancolia, se outro - fizeram-me gostar deste poema.
Só fazes uma coisa que sempre me fez confusão (mas até o senhor Pessoa o fazia), que é "cortar" frases, escrevendo-a em dois versos diferentes. Não é bom nem mau; apenas me distorce o ritmo da leitura
Eh Júlia:D Muito bem, gostei bastante:D Vejo que, para além do dom de apresentar programas, também tens o dom da escrita^^ Deste-me vontade de actualizar o meu blog, que tem sofrido um pouco com a falta de tempo:x
Um palmadão no costado! []
Postar um comentário