domingo, 27 de dezembro de 2009

Descalço

Lá do alto da falésia
Vi abrir o fundo o Mar.
Descalço, furei a brisa
Tornei-me seu
Fiquei sem ar.

Morri só nele horizonte
Tão feliz fui maresia.
Descalço, subi ao Céu
Não era morto
Asas batia!

Pairei eu mistério azul
Sem rosto leve andorinha
Descalço, perdi-me Além
Voei divino
Já nada tinha.


Gonçalo Limpo de Faria

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Os sonhos sussurram

sussurram

sussurram

Sussurram e despedem-se

Virando costas.



Depois regressam, e sussurram

sussurram 

e suspiram

Suspiram e desabafam

Soprando ao ouvido.



Remexem lençóis, e estremecem

estremecem

estremecem

Até que incomodam.

Eles anseiam ser sonhados.



Frustrando-se, aí enfurecem-se

e riem-se

riem-se muito.

É quando se apercebem

Que já não são sonhos.



Que falem, então.

Adormeci.



Não lhes vou dar esse prazer.



Gonçalo Limpo de Faria, Dezembro de 2009